domingo, 23 de fevereiro de 2014

O Lixo - Luis Fernando Veríssimo

Gosto muito de Luis Fernando Veríssimo, como escritor, humorista e leio as sua crônicas sempre a sorrir, senão a gargalhar. Costumava acompanhá-las no Expresso e tenho alguns livros que reunem diversas crónicas e histórias que satirizam o quotidiano. Julgo que o humor é uma forma sublime de entendimento.



«O Lixo -
Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.
- Bom dia...
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...
- A senhora... Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...
- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.- No seu lixo ou no meu?»


In: http://portalliteral.terra.com.br/verissimo/porelemesmo/porelemesmo_lixo.shtml?porelemesmo

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

PROPOSTA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO –


O Projeto deve conter:
· Justificativa – Para que fazer?
Desenvolver as razões pelas quais se julga necessário / plausível a execução do projeto.
· Objetivo – Por que fazer?
Relacionar os resultados a serem alcançados e os impactos esperados, por meio de indicadores que possam ser quantificados ou qualificados. Definir metas parciais e finais do  projeto que pode ser dividido em subprojetos organizados em eixos.
· Desenvolvimento: Grupo de Trabalho – Quem está disposto?
Analisar qual a capacidade real da Instituição para executar o projeto em relação à
disponibilidade de pessoal para elaboração e implementação das atividades propostas / planejadas.
· Desenvolvimento: Plano de Ação – Como fazer?
As ações do projeto originam-se diretamente dos resultados a serem obtidos e constituem-se em uma ou mais tarefas concretas que serão executadas para a obtenção dos mesmos (podem ser descritas as utilizações dos espaços e equipamentos escolares).
· Desenvolvimento: Público Alvo – A quem se destina?
Conhecer a realidade da comunidade para definir os grupos a serem beneficiados em cada atividade proposta, considerando sua natureza e especificidade.
· Desenvolvimento: Cronograma – Quando?
A partir da definição das atividades, deve-se elaborar um cronograma onde serão indicados os períodos para a execução das ações.
· Desenvolvimento: Recursos – O que é necessário?
São os meios necessários para a realização dos projetos: equipamentos, materiais de
consumo e/ou recursos humanos.
· Avaliação – Quais resultados? O que pode ser modificado?
Descreva os resultados esperados e as metas (quantificação dos resultados esperados em %,  nº...) para cada objetivo. Após o início das atividades, sempre há a necessidade de reajustes e  revisão do percurso, para que os objetivos sejam atingidos. É importante que no texto inicial do projeto já sejam previstas formas de realizar o acompanhamento das atividades, especialmente para avaliar o grau de satisfação do conjunto de participantes.
· Anexos / Registro – Como podemos contar nossa história?
Formas de registrar as experiências – escrevendo, fotografando, gravando, filmando... Todo o material que facilitar o entendimento do projeto que se pretendeu realizar.
· Referências Bibliográficas – Qual embasamento teórico?
Citação de todas as fontes consultadas que embasaram as ideias propostas e desenvolvidas no projeto. Organizada em ordem alfabética, pelo sobrenome dos autores e de acordo com as  normas da ABNT.

FONTE: PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com