quarta-feira, 20 de março de 2013

CLARICE LISPECTOR - BIOGRAFIA


CLARICE LISPECTOR

Clarice Lispector, nascida Haia Pinkhasovna Lispector (Tchetchelnik, 10 de dezembro de 1920  Rio de Janeiro, 9 de dezembro de1977) foi uma escritora e jornalista, nasceu na Ucrânia e foi naturalizada brasileira.
Biografia
De origem judaica, Clarice foi a terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Nasceu na cidade de Tchetchelnik enquanto seus pais percorriam várias aldeias da Ucrânia fugindo à perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921. Chegou ao Brasilquando tinha 1 ano e dois meses de idade[1], e sempre que questionada de sua nacionalidade, Clarice afirmava não ter nenhuma ligação com a Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil.[2]
A família chega a Maceió em março de 1922, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e primo José Rabin. Por iniciativa de seu pai todos mudaram de nome, exceto Tânia, sua irmã. O pai passou a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia, sua irmã, Elisa; e Haia, por fim, Clarice. Pedro passou a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante.[1] Com dificuldades de relacionamento com Rabin e sua família, Pedro decide mudar-se para Recife, então a cidade mais importante do Nordeste.
Clarice Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade de Recife, onde passou parte da infância no bairro de Boa Vista. Estudou no Ginásio Pernambucano de 1932 a 1934. Falava vários idiomas, entre eles o francês e o inglês. Cresceu ouvindo no âmbito domiciliar o idioma materno, o iídiche.
Sua mãe morreu em 21 de setembro de 1930 (Clarice tinha apenas 9 anos), após vários anos sofrendo com as consequências da Sífilis, supostamente contraída por conta de um estupro sofrido durante a Guerra Civil Russa, enquanto a família ainda estava na Ucrânia. Clarice sofreu com a morte da mãe, e muitos de seus textos refletem a culpa que a autora sentia e figuras de milagres que salvariam sua mãe.[2]
Quando tinha 15 anos seu pai decidiu se mudar para o Rio de Janeiro. Sua irmã Elisa conseguiu um emprego no ministério, por intervenção do então ministro Agamenon Magalhães, enquanto seu pai teve dificuldades em achar uma oportunidade na capital. Clarice estudou em uma escola primária na Tijuca, até ir para o curso preparatório para a Faculdade de Direito. Foi aceita para a Escola de Direito na então Universidade do Brasil em 1939. Se viu frustrada com muitas das teorias ensinadas no curso, e descobriu um escape: a literatura. Em 25 de maio de 1940, com apenas 19 anos, publicou seu primeiro conto "Triunfo" na Revista Pan.
Três anos depois, após uma cirurgia simples para a retirada de sua vesícula biliar, seu pai Pedro morre de complicações do procedimento. As filhas ficam arrasadas com as circunstâncias da morte tão inesperada, e como consequência Clarice se afasta da religião judaica. No mesmo ano, Clarice chama a atenção (provavelmente com o conto "Eu e Jimmy") de Lourival Fontes, então chefe do Departamento de Imprensa e Propaganda (órgão responsável pela censura no Estado Novo de Getúlio Vargas), e é alocada para trabalhar na Agência Nacional, responsável por distribuir notícias aos jornais e emissoras de rádio da época. Lá conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou (não correspondido, já que Lúcio era homossexual) e de quem se tornou amiga íntima [2].
Em 1943, no mesmo ano de sua formatura, casou-se com o colega de turma Maury Gurgel Valente, futuro pai de seus dois filhos. Maury foi aprovado no concurso de admissão na carreira diplomática, e passou a fazer parte do quadro do Ministério das Relações Exteriores. Em sua primeira viagem como esposa de diplomata, Clarice morou na Itália onde serviu durante a Segunda Guerra Mundial como assistente voluntária junto ao corpo de enfermagem da Força Expedicionária Brasileira. Também morou em países como Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, países para onde Maury foi escalado. Apesar disso, sempre falou em suas cartas a amigos e irmãs como sentia falta do Brasil.
Em 10 de agosto de 1948, nasce em BernaSuíça o seu primeiro filho, Pedro.[3]. Quando criança Pedro se destacava por sua facilidade de aprendizado, porém na adolescência sua falta de atenção e agitação foram diagnosticados como esquizofrenia. Clarice se sentia de certa forma culpada pela doença do filho, e teve dificuldades para lidar com a situação.[2]
Em 10 de fevereiro de 1953, nasce Paulo, o segundo filho de Clarice e Maury, em Washington, D.C., nos Estados Unidos.[3]
Em 1959 se separou do marido que ficou na Europa e voltou permanentemente ao Rio de Janeiro com seus filhos, morando no Leme.[2] No mesmo ano assina a coluna "Correio feminino - Feira de Utilidades", no jornal carioca Correio da Manhã, sob o pseudônimo de Helen Palmer. No ano seguinte, assume a coluna "Só para mulheres", do Diário da Noite, como ghost-writer da atriz Ilka Soares.
Provoca um incêndio ao dormir com um cigarro acesso em 14 de setembro de 1966, seu quarto fica destruído e a escritora é hospitalizada entre a vida e a morte por três dias. Sua mão direita é quase amputada devido aos ferimentos, e depois de passado o risco de morte, ainda fica hospitalizada por dois meses.[3]
Em 1975 foi convidada a participar do Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria, em Cali na Colômbia. Fez uma pequena apresentação na conferência, e falou do seu conto "O ovo e a Galinha", que depois de traduzido para o espanhol fez sucesso entre os participantes. Ao voltar ao Brasil, a viagem de Clarice ganhou ares mitológico, com jornalistas descrevendo (falsas) aparições da autora vestida de preto e coberta de amuletos. Porém, a imagem se formou, dando a Clarice o título de "a grande bruxa da literatura brasileira". Seu próprio amigo Otto Lara Resende disse sobre a obra de Lispector: "não se trata de literatura, mas de bruxaria." [2]
Foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela com câncer inoperável no ovário, diagnóstico desconhecido por ela. Faleceu no dia 9 de dezembrode 1977, um dia antes de seu 57° aniversário. Foi enterrada no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro. Até a manhã de seu falecimento, mesmo sob sedativos, Clarice ainda ditava frases para sua amiga Olga Borelli.[2]
Durante toda sua vida Clarice teve diversos amigos de destaque como Fernando SabinoLúcio CardosoRubem BragaSan Tiago Dantas e Samuel Wainer, entre diversos outros literários e personalidades.
Obra
Fundação Graça Aranha de melhor romance de estreia, em outubro de 1944.[3]
Em 1946, em uma viagem ao Rio de Janeiro, lança seu segundo livro O Lustre.
Em 1949, lança o livro "A Cidade Sitiada", o seu terceiro romance.
Em 1961, "A Maçã no Escuro".
Em 1964 Clarice lança dois livros: A Legião Estrangeira, uma coletânea de contos, e o romance A Paixão segundo G.H.. Ambos os livros foram publicados pela Editora do Autor, liderada pelos amigos Fernando Sabino e Rubem Braga.
Em 1969 "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres".
Em 1970, começa a escrever um novo livro com o título de Atrás do Pensamento: Monólogo com a Vida. Mais tarde é renomeado deObjeto Gritante. Finalmente é lançado em 1973 com o título definitivo de Água Viva. O livro foi sucesso de crítica e público, ao ponto de o cantor Cazuza o ter lido 111 vezes [2][3].
Durante a década de 1970, após ser demitida do Jornal do Brasil (todos os judeus que trabalhavam na publicação foram demitidos neste período), a autora começa a traduzir obras do francês e do inglês para a Editora Artenova. Entre as obras estão contos de Edgar Allan PoeO Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, dois romances de Agatha Christie e Entrevista com o Vampiro de Anne Rice.[2]
Em 1974, publicou mais dois livros de contos, novamente pela Artenova: A Via Crucis do Corpo e Onde Estivestes de Noite. A primeira edição deste último foi retirada de circulação porque foi colocado um ponto de interrogação no título, erroneamente.[3]. Já A Via Crucis levantou polêmica com seu alto caráter sexual, e por não ter sido considerado à altura dos outros trabalho de Clarice, a revista Veja e o Jornal do Brasil chegaram a chamar a obra de "lixo".[2]
A obra de Clarice ultrapassa qualquer tentativa de classificação. A escritora e filósofa francesa Hélène Cixous vai ao ponto de dizer que há uma literatura brasileira A.C. (Antes da Clarice) e D.C. (Depois da Clarice).
Em dezembro de 1943, publicou seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem. Escrito quando tinha 19 anos, o livro apresenta Joana como protagonista, a qual narra sua história em dois planos: a infância e o início da vida adulta. A literatura brasileira era nesta altura dominada por uma tendência essencialmente regionalista, com personagens contando as dificuldades da realidade social do país na época. Clarice Lispector surpreendeu a crítica com seu romance, seja pela problemática de caráter existencial, completamente inovadora, seja pelo estilo solto, elíptico e fragmentário. Este estilo de escrita se tornou marca característica da autora, como pode ser observado em seus trabalhos subsequentes.
Na época da publicação, muitos associaram o seu estilo literário introspectivo a Virginia Woolf ou James Joyce, embora ela afirme não ter lido nenhum destes autores antes de ter escrito seu romance inaugural.[4] A epígrafe de Joyce e o título, inspirado em citação do livro de Joyce Retrato do Artista quando Jovem, foram sugeridos por Lúcio Cardoso após o livro ter sido escrito. Perto do coração selvagem ganhou o prêmio da 
 foi colunista do Jornal do Brasil, do Correio da Manhã e Diário da Noite. As colunas, que foram publicadas entre as décadas de 60 e 70, eram destinadas ao público feminino, e abordavam assuntos como dicas de beleza, moda e comportamento. Em meados de 1970, Lispector começou a trabalhar no livro Um sopro de vida: pulsações, publicado postumamente. Este livro consiste de uma série de diálogos entre o "autor" e sua criação, Angela Pralini, personagem cujo nome foi emprestado de outro personagem de um conto publicado em Onde estivestes de noite. Esta abordagem fragmentada foi novamente utilizada no seu penúltimo e, talvez, mais famoso romance, A Hora da Estrela. No romance, Clarice conta a história de Macabéa, uma datilógrafa criada no Estado de Alagoas que migra para o Rio de Janeiro e vai morar em uma pensão, tendo sua rotina narrada por um escritor fictício chamado Rodrigo S.M. O livro descreve a pobreza e a marginalização no Brasil a partir de um ângulo único que, fugindo dos clichês de um sofrimento simplesmente causado pela pobreza, e do estereótipo das questões existenciais como burguesas, encontra sua principal personagem no lugar exato e singular de sua (in)existência. A história de Macabéa foi publicada poucos meses antes da morte de Clarice.
Em artigo publicado no jornal The New York Times, no dia 11 de março de 2005, a escritora foi descrita como o equivalente de Kafka na literatura latino-americana. A afirmação foi feita por Gregory Rabassa, tradutor para o inglês de Jorge Amado, Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e de Clarice.[5]
Referências
1.     ↑ a b Clarice Lispector – Biografia. Releituras (7 de fevereiro de 2008).
2.     ↑ a b c d e f g h i j MOSER, Benjamin. Clarice, uma biografia. Editora Cosac Naify, 2009. Traduzido por José Geraldo Couto
3.     ↑ a b c d e f NOGUEIRA JR, Arnaldo, Projeto Releituras, disponível em: http://www.releituras.com/clispector_bio.asp
4.      Lispector, Clarice. "Correspondências - Clarice Lispector (organizado por Teresa de Monteiro)", Rio de Janeiro, Rocco, 2002. Baseado em cartas pessoais trocadas com Lúcio Cardoso e sua irmã Tania
5.      Julie Salamon (11 de março de 2005). An Enigmatic Author Who Can Be Addictive (em inglês). The New York Times. Página visitada em 12 de setembro de 2007.
Bibliografia
·         FERREIRA, Teresa Cristina Montero. Eu sou uma pergunta: uma biografia de Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
·         GOTLIB, Nádia Battella. Clarice: uma vida que se conta. São Paulo: Editora Atica, 1995.
·         MOSER, Benjamin. "Clarice, uma biografia". São Paulo: Ed.Cosac Naify, 2009 ISBN 978-85-7503-844-4



GIANFRANCESCO GUARNIERI - BIOGRAFIA


Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Guarnieri (Milão, 6 de agosto de 1934  São Paulo, 22 de julho de 2006) foi um importanteator, diretor, dramaturgo e poeta ítalo-brasileiro, foi um artista de destaque no Teatro de Arena de São Paulo e sua mais importante obra foi Eles Não Usam Black-Tie.
Por conta do fascismo que tomava conta da Itália, seus pais, o maestro Edoardo Guarnieri e a harpista Elsa Martinenghi, decidiram vir para o Brasil em 1936 e se estabeleceram no Rio de Janeiro.
No dia 2 de junho de 2006 gravava no Teatro Oficina a telenovela Belíssima, da Rede Globo, em que interpretava o personagem Pepe, e sentiu-se mal, tendo sido internado no Hospital Sírio-Libanês, onde veio a falecer de insuficiência renal crônica, cinquenta dias depois, no dia 22 de julho. Foi enterrado no cemitério Jardim da Serra em cerimônia particular na cidade de Mairiporã, onde morava.
Biografia
No início dos anos 1950 a família se mudou para São Paulo. Líder estudantil desde a adolescência, Guarnieri começou a fazer teatro amador com Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha) e um grupo de estudantes de São Paulo, e em 1955 criaram o Teatro Paulista do Estudante, com orientação de Ruggero Jacobbi. No ano seguinte, o TPE uniu-se ao Teatro de Arena, fundado e dirigido por José Renato.
Teatro
Sua peça de estreia, como dramaturgo, foi Eles Não Usam Black-Tie, encenada em 1958 pelo Teatro de Arena. A direção foi de José Renato e o elenco contou com grandes talentos que começavam a despontar no teatro brasileiro, como o próprio Guarnieri (no papel de Tião), com a estreia profissional de Lelia Abramo (Romana), Miriam Mehler (Maria), Flavio Migliaccio (Chiquinho), Eugênio Kusnet, (Otávio), Francisco de Assis (Jesuíno), Henrique César (João), Celeste Lima (Teresinha), Riva Nimtz (Dalva) e Milton Gonçalves (Bráulio).
Programada para encerrar o trabalho do grupo, que vivia uma crise financeira, alcançou sucesso imenso, sendo um dos marcos da renovação do teatro brasileiro da época. A peça, o autor e o elenco foram premiados pelo então governador de São PauloJânio Quadros, e o Arena foi salvo da crise financeira que há tempos assolava o grupo. Paralelamente, o diretor Roberto Santos dava o pontapé inicial no Cinema Novo com o filme O Grande Momento, protagonizado por Guarnieri e Miriam Pérsia, um clássico do nosso cinema.
Atento a isso, o diretor Sandro Polloni encomendou uma peça a Guarnieri para ser encenada pela companhia de Maria Della Costa, esposa de Sandro e de cuja companhia teatral ele era o diretor. Guarnieri saiu do Arena por um tempo para poder realizar esse trabalho com Maria Della Costa e em 1959 veio à luz Gimba, Presidente dos Valentes. Era o primeiro trabalho de Guarnieri em palco italiano e a direção ficou a cargo de Flávio Rangel. Levava à cena de maneira pioneira a realidade dos morros cariocas, em forma de musical, inspirando-se em parte na sua própria experiência de vida. A encenação foi espetacular e a peça passou os meses seguintes excursionando pela Europa, sendo apresentada noFestival das Nações, na França.
A Semente estreou em 1961 no TBC e também contou com a direção de Flávio Rangel. A peça, de cunho abertamente político e inteiramente fora dos padrões do TBC, abordava de forma contundente a militância comunista, criticando tanto os métodos da direita quanto da esquerda. Embora contasse com atores consagrados (como Leonardo VillarCleyde YáconisStênio Garcia e Natália Timberg, além do próprio Guarnieri, entre outros), fosse uma montagem grandiosa e contasse com o aval da crítica, a peça teve problemas homéricos com a censura, o que acabou esfriando o interesse dos frequentadores do então chamado "Templo Burguês do Teatro Paulista" e a peça saiu rapidamente de cartaz. Nesse mesmo ano, ainda no TBC, Guarnieri participou de duas montagens de Flávio Rangel: Almas Mortas, de Gogol e a primeira montagem de A Escada, de Jorge Andrade.
Em 1962 ele volta para o Arena, não só como ator e autor, mas como sócio proprietário. José Renato se alternava entre vários trabalhos no Rio e em São Paulo, e o Teatro de Arena acabou se tornando uma sociedade entre Guarnieri, Augusto BoalPaulo JoséJuca de Oliveira e o cenógrafo Flávio Império. Juntos, eles participaram de várias peças nessa nova fase, como A Mandrágora, de Maquiavel (1962) e O Melhor Juiz, o Rei, de Lope de La Vega (1963).
O Filho do Cão, de 1964, primeiro texto de Guarnieri desde A Semente, tratava da questão do misticismo religioso e da reforma agrária já em um turbulento contexto político (ano doGolpe Militar). A partir desse momento, sua carreira, como a de todos os intelectuais ideologicamente filiados à esquerda, passou por momentos difíceis. Opta então por utilizar uma linguagem metafórica e alegórica que tomaria corpo em montagens como os musicais Arena conta Zumbi, tendo como destaque a música Upa Neguinho com parceria de Edu Lobo eArena conta Tiradentes, feitos em parceria com Augusto Boal. Na década seguinte daria prosseguimento a esse estilo em peças como Castro Alves Pede Passagem 1971 e principalmente Um Grito Parado no Ar (1973) (que encenava as dificuldades da classe artística naquele período) e Ponto de Partida (1976) (onde utilizava uma vila da Idade Médiacomo pano de fundo para focalizar a repressão a partir da morte do jornalista Vladimir Herzog), pontos capitais do teatro brasileiro nos anos 70.
Na década de 80, sua carreira como autor de teatro se tornaria cada vez mais esparsa, lançando poucos textos. Em 1988 escreveu Pegando Fogo Lá Fora; em 1995 viria A Canastra de Macário, que é o momento em que sua saúde lhe dá o primeiro susto, com um aneurisma na aorta. Em 1998 escreve com o filho Cláudio a peça Anjo na Contramão e sua última peça foi A Luta Secreta de Maria da Encarnação, realizada em 2001.
Subiu num palco pela última vez no dia 15 de agosto de 2005 (no mesmo Teatro Maria Della Costa onde 46 anos antes apresentara a peça "Gimba"). Fez o papel de Marcelo Belluomo na gravação da peça "Você tem medo do ridículo, Clark Gable?", de Analy Alvarez, com direção de Roberto Lage, para o programa Senta que lá vem comédia da TV Cultura. O programa contou com a participação das atrizes Arlete Montenegro, Sônia Guedes,André Latorre, Neuza Velasco e o ator Luiz Serra, e foi ao ar no dia 24 de setembro do mesmo ano.
Escreveu, em 1960, o libreto da ópera Um Homem Só, de Camargo Guarnieri.
Foi parceiro musical de compositores como Adoniran Barbosa, Carlos Lyra, Edu Lobo, Toquinho e Sérgio Ricardo
Televisão
A partir do final dos anos 50, passou a conciliar sua bem-sucedida atividade no Teatro com uma presença cada vez maior na televisão e no cinema. Virou, assim, um dos nossos melhores e mais populares atores. Em TV, atuou em novelas como A Muralha (1968) e Mulheres de Areia (1973-74), ambas de Ivani RibeiroÉramos Seis (1977), Jogo da Vida (1981-82), Cambalacho (1986), Rainha da Sucata (1990) e A Próxima Vítima (telenovela) (1995), todas de Sílvio de AbreuSol de Verão (1982-83), de Manoel CarlosVereda Tropical (1984-85), de Carlos LombardiMandala (1987-88), de Dias Gomes e Que Rei Sou Eu? (1989), de Cassiano Gabus Mendes, além de minisséries como Anos Rebeldes (1992), de Gilberto Braga e Incidente em Antares (1994), de Nelson Nadotti e Charles Peixoto, baseada no livro homônimo de Érico Veríssimo. O público mais jovem provavelmente o reconhece pelo papel do carinhoso e divertido avô Orlando Silva da série juvenil Mundo da Lua (1991-92), escrita por Flávio de Souza.
Cinema
No cinema, além de protagonizar O Grande Momento, também participou de filmes como O jogo da vida (1976), de Maurice CapovillaGaijin – os caminhos da liberdade (1980), deTizuka YamasakiEles Não Usam Black-Tie (1981), de Leon Hirszman (versão para sua peça em que desta vez interpretou o pai sindicalista), filme que ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de VenezaA Próxima Vítima (1983), de João Batista de AndradeBeijo 2348/72 (1990), de Walter Rogério e O quatrilho (1995), de Fábio Barreto. Seu último filme foiContos de Lygia, de 1998, no qual contracenou com Natália Thimberg sob direção de Del Rangel.
Família
Guarnieri casou-se pela primeira vez em 1956 com a jornalista Cecília Thompson, com quem teve dois filhos, Paulo e Flávio Guarnieri, ambos também atores. Com sua companheira dos últimos 40 anos Vanya Sant'Anna, teve mais três filhos, Cláudio (Cacau)Mariana (que também seguiram carreira teatral) e Fernando Henrique.
Política
Foi Secretário da Cultura da cidade de São Paulo entre 1984 e 1986, durante o governo de Mário Covas. Nessa oportunidade procurou valorizar as ações comunitárias.
Carreira

Televisão
Telenovelas
·         2006 - Belíssima (Globo) .... Pepe
·         2004 - Metamorphoses (Record) .... Dr. Eugênio
·         2002 - Esperança (Globo) .... Pellegrini
·         2000 - Vidas Cruzadas (Record) .... Policarpo
·         1999 - Terra Nostra (Globo) .... Giulio Splendore
·         1998 - Meu Pé de Laranja Lima (Bandeirantes) .... Manoel
·         1998 - Serras Azuis (Bandeirantes) .... Dr. Gross
·         1997 - Canoa do Bagre (Record) .... Juarez
·         1996 - Razão de Viver (SBT) .... Alcides
·         1995 - A Próxima Vítima (Globo) .... Eliseu Giardini
·         1994 - Incidente em Antares (Globo) .... Pudim de Cachaça
·         1993 - O Mapa da Mina (Globo) .... Vicente Rocha
·         1992 - Anos Rebeldes (Globo) .... Dr. Salviano
·         1992 - Vamp (Globo) .... Delegado
·         1991 - Mundo da Lua (Cultura) .... Vô Orlando
·         1990 - Rainha da Sucata (Globo) .... Saldanha
·         1989 - Cortina de Vidro (SBT) .... Artur
·         1989 - Que Rei Sou Eu? (Globo) .... Rei Petrus II
·         1987 - Mandala (Globo) .... Túlio Silveira
·         1987 - Helena (Manchete) .... Wálter Scott
·         1986 - Cambalacho (Globo) .... Jejê (Jerônimo Machado)
·         1984 - Vereda Tropical (Globo) .... Jamil
·         1983 - Sabor de Mel (Bandeirantes) .... Pedro
·         1982 - Sol de Verão (Globo) .... Caetano
·         1981 - Jogo da Vida (Globo) .... Manoel Vieira de Souza
·         1981 - Rosa Baiana (Bandeirantes) .... Agenor
·         1978 - Roda de Fogo (Tupi)
·         1977 - Éramos Seis (Tupi) .... Júlio
·         1974 - Os Inocentes (Tupi) .... Chico
·         1973 - Mulheres de Areia (Tupi) .... Tonho da Lua
·         1972 - Camomila e Bem-Me-Quer (Tupi) .... Olegário
·         1972 - Signo da Esperança (Tupi) .... Emílio
·         1971 - Nossa Filha Gabriela (Tupi) .... Giuliano
·         1970 - Meu Pé de Laranja Lima (Tupi) .... Ariovaldo
·         1969 - Dez Vidas (Excelsior) .... Tomás Antônio Gonzaga, o Dirceu
·         1969 - Os Estranhos (Excelsior) .... Bernardo
·         1968 - A Muralha (Excelsior) .... Leonel
·         1968 - O Terceiro Pecado (Excelsior) .... Professor Alexandre
·         1967 - A Hora Marcada (Tupi) .... André
·         1967 - O Tempo e o Vento (Excelsior) .... Padre Alonso
Cinema
·         1998 - Contos de Lygia
·         1995 - O Quatrilho
·         1990 - Beijo 2348/72
·         1983 - A Próxima Vítima
·         1981 - Eles Não Usam Black-Tie
·         1980 - Asa Branca - Um Sonho Brasileiro
·         1980 - Gaijin – Os Caminhos da Liberdade
·         1976 - O Jogo da Vida
·         1958 - O Grande Momento