QUAL A DIFRENÇA ENTRE CHARGE,
CARTUnS E QUADRINHOS? Por
Fernando A. Moretti
Essas formas de humor são
produtos da capacidade que o ser humano tem de poder ver graça nas pessoas e
situações. O humor - peculiaridade inerente do Homem - se manifesta por meio de
gestos, encenações, olhares, sons e textos. Num momento inspirado ele faz uma
crítica de costumes, de moral, de comportamento social, seja cantando,
imitando, encenando uma situação que reflete aquilo que viu e/ou sentiu. Claro
que às vezes ele distorce e exagera o fato para dar um toque cômico à sua
demonstração, com o intuito apenas de obter o riso. Quando consegue isso, fica
satisfeito, pois seu objetivo foi alcançado.
Muito hábil, o Homem quando não
consegue contar, encenar ou cantar, usa o desenho. Nesse momento surge a
caricatura, uma forma que existe desde que ele aprendeu a rabiscar nas cavernasou
seja: um recurso que inventou para manifestar sua imaginação em relação ao
mundo que o cercava.
Com o tempo surgiu a charge, o
cartum e os quadrinhos. Não é fácil estabelecer uma diferença definitiva entre
essas formas de arte. Vamos tentar:
Caricaturar é deformar as
características marcantes de uma pessoa, animal, coisa, fato, mantendo-as
próximas do original para haver referência na identificação. A caricatura,
em geral, pode ser usada como ilustração de uma matéria (fato), mas quando esse
"fato" pode ser contado inteiramente numa forma gráfica, é chamado de charge.
Portanto, a charge nasceu da caricatura. Isso foi no século XIX, quando o
desenhista francês Honoré Daumier criticava implacavelmente o governo da época
com seu traço ferino no jornal La Caricature. Ao invés de escrever nomes ou
descrever fatos ele ia à carga (charge = ataque) e impunha uma
"opinião" traduzindo ou interpretando os fatos em imagens sintéticas
que misturavam pessoas (figura social), vestimentas (classe social) e a
situação (cenário). Os jornais logo perceberam o potencial da charge para noticiar
atacando as áreas: política, esportiva, religiosa, social. O público adorou. A
partir daí a charge virou "forma de expressão" passando a ser arte
e... arma! A forma gráfica da charge pode ter uma imagem (a mais comum) e
também ter uma seqüência de duas ou três cenas ou estar dentro de quadrinhos ou
totalmente aberta, com balões ou legendas. Entretanto, essa poderosa arma está
ligada aos costumes de uma época e região. Se for transportada para fora desse
ambiente, a charge perde o impacto, pois é feita para compreensão imediata
daqueles que conhecem os símbolos e costumes usados na referência. Essa é uma
limitação da charge, pois torna-a temporal e perecível. Mas tem uma vantagem:
dependendo de sua força informativa, pode ocupar o lugar de uma matéria ou
artigo. Por isso, hoje, é merecidamente definida como um "artigo
assinado".
O cartum veio depois da charge e é diferente. A
palavra inglesa "cartoon" significa: cartão, papelão duro, e deu
origem ao termo cartunist ou seja: desenhista de cartazes. No Brasil, o cartum
também é uma forma de expressar idéias e opiniões, seja uma crítica política,
esportiva, religiosa, social. O desenho pode ter uma imagem (isolado), duas ou
três (seqüenciado) dentro de quadrinhos ou aberto; pode ter balões, legendas e
se beneficiar de temas fixos. Alguns cartuns têm caricatura, mas é muito raro -
a não ser quando usado para satirizar figuras históricas conhecidas (Hitler,
Napoleão, etc.).
A forma do Cartum é universal,
atemporal e não-perecível. Qualquer leitor do mundo ri com o náufrago, o amante
dentro do armário, brigas entre anjo e diabo, gato e cachorro, marido e mulher.
Os temas: ET's, amor, esportes, família e pesca, são muito explorados. O comportamento
geral de políticos, militares e religiosos também, pois não é preciso definir
seus países, uma vez que agem de forma igual. Num jornal, o cartum pode até
ilustrar uma matéria (ilustração), porém muito raramente ocupará o lugar de um
artigo assinado como a ferina e combativa charge.
Claro que a seqüência narrativa
do cartum está próxima à dos quadrinhos - principalmente quando se desenrola em
várias cenas -, mas isso não o torna quadrinho, pois falta-lhe personagem fixo
e elenco. Por outro lado, o cartum pode ser feito com apenas um quadro (cena) e
os quadrinhos não (com exceção da tira).
Os quadrinhos têm personagens e elenco fixos,
narrativa seqüencial em quadros numa ordem de tempo onde um fato se desenrola
através de legendas e balões com texto pertinente à imagem de cada quadrinho. A
história pode se desenvolver numa tira, numa página ou em duas ou em várias
páginas (revista ou álbum). É óbvio que para uma história ser em quadrinhos ela
precisa ter no mínimo dois quadrinhos (ou cenas). A tira diária é uma exceção, pois, às vezes,
a história pode ser muito bem contada em 1 só "quadrinho" (o espaço
da própria tira), mas isso não a torna um cartum, apesar da proximidade.
Uma História em Quadrinhos é
ampla e maleável. Pode ser temporal, atemporal, regional, política, policial,
científica, social, erótica, esportiva, esotérica, histórica, infantil, adulta,
underground, terror e de humor. Utiliza figuras humanas perfeitas ou
destorcidas (caricaturadas), animais humanizados, homens animalizados, bonecos,
objetos, etc.
Alguns diretores de cinema, antes
de fazer um filme, quadrinizam as ações - como o caso de George Lucas em
"Guerra na Estrelas". Por outro lado algumas editoras quadrinizam um
filme de sucesso e vendem a história em bancas em forma de revista.
Adoro entrar no seu blog, sempre me fornece ideias ótimas... bjs
ResponderExcluirQue bom, Tatiane.Procuro sempre atualizar ....Sempre é bem vinda,
ResponderExcluirbjs...
Marilene Gomes