segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

EU


          Eu não era nem novo nem velho. Tinha a capa colorida, um pouco amassada e uma das páginas rasgada na parte de baixo, naquele lugar que chamam de pé-de-página.
Vivia jogado no canto de um quarto junto de velhos brinquedos. Todos os dias o menino entrava no quarto para brincar. O que eu mais queria era que ele me desse atenção, me segurasse, passasse minhas páginas, lesse o que tenho para contar.
Mas que nada! Brincava naquele quarto e nem me olhava. Ficava horas e horas com os toquinhos de madeira, carrinhos, quebra-cabeças e outros brinquedos.
Eu me sentia um grande inútil. Um dia não agüentei mais: chorei tanto, mas tanto, que minhas lágrimas molharam todas as minhas páginas e o chão. Parecia que eu tinha feito xixi no quarto. Levei um tempão prá secar.
No dia seguinte, quando os raios de  sol entraram pela janela, me senti  melhor, e minhas páginas secaram todas.
Um dia o menino entrou no quarto  com um  lápis e uma folha de papel.  Assentou-se bem pertinho de mim e   encheu os dois lados da  folha com  desenhos e rabiscos.
Em seguida, me segurou, me folheou,   viu algumas de minhas ilustrações e me abriu  no meio com aquela  cara de quem queria rabiscar.
Eu acabava de ser descoberto! Preso entre as  suas mãos o meu coração disparou de alegria: tum, tum, tum, tum... Era muita emoção para um livro só!
                                                                    Autor desconhecido

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