Eu não era nem
novo nem velho. Tinha a capa colorida, um pouco amassada e uma das páginas rasgada na parte de baixo, naquele lugar que chamam de
pé-de-página.
Vivia jogado no canto de um quarto
junto de velhos brinquedos. Todos os dias o menino entrava no quarto para
brincar. O que eu mais queria era que ele me desse atenção, me segurasse,
passasse minhas páginas, lesse o que tenho para contar.
Mas que nada! Brincava naquele
quarto e nem me olhava. Ficava horas e horas com os toquinhos de madeira,
carrinhos, quebra-cabeças e outros brinquedos.
Eu me sentia um grande inútil. Um
dia não agüentei mais: chorei tanto, mas tanto, que minhas lágrimas molharam
todas as minhas páginas e o chão. Parecia que eu tinha feito xixi no quarto.
Levei um tempão prá secar.
No dia seguinte, quando os raios
de  sol entraram pela janela, me senti  melhor, e minhas páginas
secaram todas.
Um dia o menino entrou no quarto 
com um  lápis e uma folha de papel.  Assentou-se bem pertinho de mim
e   encheu os dois lados da  folha com  desenhos e
rabiscos.
Em seguida, me segurou, me
folheou,   viu algumas de minhas ilustrações e me abriu  no meio
com aquela  cara de quem queria rabiscar.
Eu acabava de ser descoberto!
Preso entre as  suas mãos o meu coração disparou de alegria: tum, tum,
tum, tum... Era muita emoção para um livro só!
                                                                    Autor
desconhecido
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